quarta-feira, junho 27, 2007

Praga

Vieram para ficar. Estão aí por tudo o que é semáforo e entrada de grandes edifícios. Os jornais de distribuição gratuita já são pelo menos três e agora até já trazem brindes e tudo. Ideia que é uma espécie de cópia pobrezinha de outras publicações de banca. Não deve faltar muito, então, para o Destak, o Metro ou o Meia Hora começarem a oferecer peças de faqueiros... É a nossa oportunidade de começarmos a vingança junto dos distribuidores!

segunda-feira, junho 25, 2007

O homem mais infeliz do mundo

Mário tem actualmente 32 anos, conheceu a Sónia ainda no período do liceu e casaram-se assim que arranjaram um primeiro emprego. Consta que houve, entretanto, um período de namoro que supostamente terá sido curto. Demasiado curto, talvez. Ele casou com a primeira rapariga com quem namorou. Pelo que conheço do Mário, não justifico isto por pressões de ordem externa, acredito mais em actos premeditados e em vidas demasiado lineares onde não haja sequer tempo e espaço para serem colocadas, como mera hipótese, outras probabilidades de rumo a seguir.

A felicidade é um conceito ambíguo. No início deste mês foi a minha casa desabafar. No início da conversa, arremessa-me logo com isto: “aparento ser um homem muito feliz mas, na verdade, sou o homem mais infeliz do mundo”. Se havia modelo de vida feliz, a todos os níveis, seria aquela que Mário levava. Por tal, imagine-se o tamanho do meu espanto!
Mário não será certamente o homem mais infeliz do mundo mas compreendo-lhe a sua frustração, da vida que tem e que não quer ter. O problema nem é pensar que podia ser mais feliz se tivesse optado por outra hipótese de vida, o problema é pensar que não tinha, ou que não tem, outras hipóteses de vida. E de facto tinha e tem. Mas nem todas pessoas encaram essa opção de mudança com a mesma facilidade. Ele é altruísta e, certamente, prefere não magoar a esposa e incomodar a restante família com a opção de um divórcio, mesmo que para isso tenha que pagar um preço bem alto: o da sua própria felicidade. No entanto está completamente iludido em relação ao ideal de felicidade que criou. Diz que inveja a minha vida de solteiro, a minha independência, como se estas condições fossem suficientes ou um sinónimo incondicional de se ser feliz.
É legítimo perguntar-se: quantas mulheres Mário precisará de conhecer para ser (mais) feliz? E a Sónia, será feliz?

O pior está/estava para vir. Continua a conversa dizendo que Sónia está novamente grávida. “Sinto que morri por dentro. Não quero ser pai. Não gosto de ser pai.” Fiquei (ainda) mais perplexo, chocado, até. Nunca imaginei ouvir isto da boca de algum homem e muito menos da dele. Sei que há quem não tenha quaisquer atributos para esse fim, que há quem não faça a mínima ideia do tipo de responsabilidades que a paternidade acarreta, mas confesso que dito assim, desta forma directíssima, tudo me soa da pior maneira possível. “Mas fui e sou forçado a sê-lo por força das responsabilidades que assumo, mesmo com sacrifício para mim...”.

Os incompreendidos serão sempre incompreendidos. Segundo igualmente palavras dele: Mário nunca traiu a mulher. Mas já procurou e continua a procurar uma “amiga” pela internet, alguém que colmate essa “pequena” falha emocional. Ele, ao contrário de muitos, não anda a procura da queca rápida, do sexo alternativo ao que terá por casa. Ele procura conhecer a rapariga que não conseguiu conhecer no período devido para esse efeito.
Mete-me uma certa pena saber que os anúncios do Mário misturam-se com tantos outros que pouco ou nada se assemelham ao seu caso. Não quero com isto dizer que a sua infidelidade seja menos condenável do que qualquer outra, quero simplesmente dizer com isto que os seus objectivos são menos comuns e, justamente por essa razão, menos compreensíveis. Pelo menos é sincero, não esconde a sua condição de casado, nem as suas verdadeiras intenções. Deve ser por isso que ainda não encontrou correspondente. O problema não estará certamente na forma de abordagem, porque aqui seguramente, e “ponho as mãos no fogo” por ele, dará muitas lições a mim e a outros homens no que toca a matéria de respeito e honestidade.
Mário sempre foi um rapaz ligeiramente inseguro. Inseguranças sobretudo relacionadas com a sua aparência. Completamente infundadas, diga-se de passagem. Mas contou-me que estes pequenos contactos virtuais têm, pelo menos, o ajudado a melhorar a sua auto-estima.

Regresso à escola. Ri-me bastante com um dos últimos telefonemas que ele me fez. Na passada sexta-feira foi fazer um exame de Matemática e ligou-me a dizer que o exame tinha corrido bem, mas também disse que estava rodeado de raparigas muito bonitas. Queria partilhar a sua alegria, ao mesmo tempo que as contemplava a uma distância segura. “Há aqui raparigas tão giras e atraentes... pena não lhes poder tocar... ahaha!”
Pode ser o princípio de qualquer coisa: Mário quer voltar a estudar. Vai tentar entrar na faculdade este ano. Quer melhorar o seu currículo e eu acredito nisso. Mas também sei que esta decisão terá outros propósitos para além dos profissionais: é o pequeno passo para a sua “libertação”.


Caso não tenham percebido, trata-se de um caso verídico e os nomes são, obviamente, falsos.

sexta-feira, junho 22, 2007

Ainda há preços amigos?

Já está á venda na funaque! 14.90€. Pode não ser caro mas também não lhe chamava "preço amigo". "Amigozinho colorido", vá lá.

quarta-feira, junho 20, 2007

8 x lol

A notícia é do início do mês, mas mais vale rir agora que nunca!
lol1
Margarida Vila-Nova e Nicolau Breyner são os dois actores escolhidos para vestirem a pele das personagens inspiradas em Carolina Salgado e Pinto da Costa, a partir de uma adaptação livre do romance ‘Eu, Carolina’, já na sua 14.ª edição.
lol2
Corrupção será realizado por João Botelho e escrito em parceria com a jornalista Leonor Pinhão, sua mulher, competindo à Utopia Filmes, – a mesma de ‘O Crime do Padre Amaro’ –, a produção da longa-metragem e a distribuição à Lusomundo. O título, provisório, representa uma homenagem a Fritz Lang, que na década de 40 dirigiu ‘Big Heat’ – em português ‘Corrupção’ – e o projecto custará mais de um milhão de euros. Se tudo correr como esperado uma série televisiva dará continuidade ao sucesso expectável da exibição nos cinemas.
lol3
A expectativa é grande e, apesar da garantia da argumentista de que esta “não será jamais uma adaptação literal do romance mas sim uma ficção a partir do tema”, logo se verá se, de facto, se confirma a expressão (também sublinhada pelo cineasta) – “qualquer semelhança com a realidade é pura ficção”.
lol4
(em entrevista, Carolina Salgado, "ponderadamente", responde às "brilhantes" perguntas do jornalista)
– E está prevista a filmagem de alguma das cenas no Estádio do Dragão?
– Não. Creio que o FC Porto não iria dar autorização.
lol5
– E no Estádio da Luz?
– Também não.
lol6
– Vai ser um filme classificado para que idade?
– Para maiores de 18 anos, dado que vai ter algumas cenas escaldantes.
lol7
– Quer concretizar algumas dessas cenas?
– Não posso, até porque ainda estão a ser discutidas. Mas uma coisa posso dizer, o filme vai prender os espectadores do princípio ao fim.
lol8
Fonte: Correio da Manhã

terça-feira, junho 19, 2007

Um achado:

o jovem espanhol proprietário de um carro 100% de origem e que circule, no mesmo, com o volume do rádio não audível a um raio de um quilómetro.

segunda-feira, junho 18, 2007

Ustedes tão gozando con nosotros

A notícia da ameaça de greve de fome por parte de uma família da região da Andaluzia (Espanha) abria, na semana passada, um dos noticiários de um dos canais regionais de televisão. Parece que o casal (ele, ela e mais uma filha adolescente) sobrevivia com pouco mais de 600 euros mensais. Rendimento este, proveniente do salário da esposa, já que ele “suplicava” por um emprego. Daí a ameaça da greve de fome, daí a “reportagem-choque”... daí a minha perplexidade.
Os espanhóis têm, genericamente, salários muito superiores aos nossos, recaem sobre os produtos que adquirem uma menor carga fiscal e, consequentemente, podem ir a um Carrefour, a um Dia, a um Plus ou a um Lidl e qualquer bem (mais ou menos) essencial que comprem, custar-lhes-á menos - confirmei que há preços, dos mesmos produtos nas mesmas superfícies comerciais, escandalosamente díspares - que se o comprassem em Portugal, abastecem os seus carros de gasolina, numa qualquer Galp em território espanhol, a menos de 30 cêntimos o litro, não pagam portagens quando circulam em grande parte das suas auto-estradas... e ainda lhes sobram motivos para iniciar uma greve de fome. Estão a gozar connosco, não?

sexta-feira, junho 08, 2007

Os milagres no Cabo Espichel

Maria do Carmo, de 58 anos, toma conta de Igreja da Nossa Senhora do Cabo há 23 e garante que já assistiu ali a “muita coisa”. Assim começa uma notícia publicada no JN, de sexta-feira da semana passada. O Cabo é o Espichel e a “muita coisa” são os suicídios.
A reportagem supostamente seria exclusivamente para informar do encerramento do acesso à zona da falésia deste Cabo nos arredores de Lisboa por falta de condições de segurança. Tem acontecido com alguma frequência alguns “acidentes” naquela zona, mas parece estes têm sido todos, ou quase todos, intencionais. Pelo menos é esta a opinião, segundo o jornal, da Dona Maria do Carmo e do comandante dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra. No ano passado, segundo os dados da corporação a que este comanda, registou-se cerca de uma dezena de casos. Não são números para concluirmos que o Cabo Espichel é a nossa floresta Aokigahara (junto ao Monte Fuji) no Japão - local mítico de eleição dos suicidas japoneses - mas são dados preocupantes, de facto. As pessoas escolhem os sítios mais bonitos para passearem, para namorarem, para dar uma queca, para meditarem... e para morrerem.
Uma falésia, um local onde acaba a terra e começa o mar. A metáfora: “o fim da vida e o início da morte”?!

“Com os carros lá fora é melhor porque a pé não têm tanta coragem para se mandar lá para baixo”, acrescenta a Srª. Maria.

Bom, em situações de desespero extremo as pessoas suicidam-se em qualquer local, através de qualquer meio, mas não é o desespero que os leva ali. É a esperança. A pouca esperança de que envolvidos por uma paisagem bonita se encontre algum vestígio de felicidade e de sentido para uma vida já tão pouco desejada. Por outro lado, isto também pode ser uma ilusão pois em situações altamente depressivas tudo o que nos rodeia deixa de ter qualquer significado. Por mais belo que seja... Naquele momento e naquele local, com tantas outras perspectivas de contemplação, só um (desconhecido) horizonte, lá ao fundo, parece fazer sentido. E aparecer alguém, como a Srª. Maria do Carmo, em seu auxílio pode ser mesmo um autêntico milagre. Basta, no fundo, aparecer só alguém que o oiça ou que lhe dê um sentido abraço. Tão pouco quanto isto.


Vou fazer uma pequena viagem até ao sul de Espanha. Despreocupai-vos: é para junto da costa mas não é para visitar qualquer “Cabo”. Estou de regresso assim que passe a próxima semana. Hasta!

quarta-feira, junho 06, 2007

E você, conhece verdadeiramente a pessoa com quem se deita todas as noites?

Para quem viu ontem o programa “Centro de Saúde” (RTP1), emotivo mas muito esclarecedor, já não tem desculpas para não entender a ultima campanha publicitária da Coordenação Nacional de Infecção VIH/Sida (CNIVS). “E você, sabe o que trás consigo para casa hoje?”
A campanha do preservativo está completamente vulgarizada: toda a gente já sabe que o deve usar mas quando chega o acto em si, toda a gente usa mesmo ou deixa-se levar pelos seus instintos mais básicos? Este é um assunto demasiado importante (e fatal) para ser tratado com campanhas meramente lúdicas e/ou informativas. Deve-se pegar nas principais causas do problema e usá-las sem rodeios nos anúncios, não tendo receios de poder vir a chocar as mentes mais pudicas, como aquelas que ainda acreditam, por exemplo, que “o casamento tem contribuído para a regulação dos impulsos sexuais”. Penso que estamos no caminho certo. Que venham, então, mais “Centros de Saúde” e campanhas como esta.

Entretanto lembrei-me de um excerto de uma crónica de Frederico Lourenço que a Sandra publicou no seu blogue e que se pode julgar, à partida, completamente descabido enquanto se aborda este tema. Mas, acreditem, isto faz sentido. Passa sobretudo por uma questão fundamental e que poderia ser o sub-slogan da campanha da CNIVS : “E você, conhece verdadeiramente a pessoa com quem se deita todas as noites?”. Isto será só um dos potenciais exemplos.
Não é necessário passar a desconfiar de tudo e de todos mas há que, pelo menos, questionar ideias feitas como a que expus aqui há dias e fiz referência no parágrafo anterior.

«(...) A intenção de Yourcenar era dizer que a esfera íntima da mulher é inacessível ao homem: nunca nenhum homem saberá ao certo o que se passa na vida de uma mulher. Só que o reverso também é válido. Sobretudo no nosso país, no qual se verifica que, nos pontos de encontro onde homens se reúnem com outros homens para convívio e sexo desportivo, a maioria deles tem aliança de casamento. Logo, está em causa uma esfera íntima inacessível às respectivas mulheres; se calhar, felizmente inacessível, do ponto de vista dos maridos para quem tal desporto não põe em causa a vida familiar.
Aliás, talvez nem ponha em causa a própria heterossexualidade. Se essas mulheres perguntassem aos maridos "és gay?", eles responderiam, veementes, que não. Na verdade, um homem que vive, satisfeito, uma vida familiar heterossexual, mas que gosta de se divertir sexualmente com outros homens "entre parênteses", não é gay.
É o quê, então? (...)»
["O Seu Marido É Gay?". Valsas Nobres e Sentimentais. Frederico Lourenço. 2007]

segunda-feira, junho 04, 2007

Da Buraca para o mundo

Com o Verão à espreita, entramos na época de festivais de música. São cada vez mais e com cartazes cada vez mais extensos e diversificados. Não há banda, por mais alternativa que seja, que não venha até cá. Excepção feita, para infelicidade minha, às Electrelane. :( Adiante... Mas com tanta importação de artistas, não há nenhuma banda portuguesa que nos deixe orgulhosos em participar num festival de música no estrangeiro?
Há e não é em um, mas em, pelo menos, quatro: Glastonbury Festival, no dia 30 deste mês, Roskilde Festival, a 14 de Julho, Exit Festival Novi Sad, na Sérvia, dia 21 de Julho e no Pantiero Festival (Cannes) em Agosto. E quem são eles?


Editaram um EP o ano passado (reeditaram o mesmo este ano) e já fizeram remisturas para MIA, Bonde de Role, Da Weasel, bem como uma excelente versão de “Noise Won't Stop” dos Shy Child. Os BuraKa Som Sistema são mesmo muito bons e por tal nem deveria estar assim tão surpreendido com o seu "sucesso" lá fora.
O Kuduro electrónico à conquista da europa e do resto do mundo. Yah!

sábado, junho 02, 2007

PriorIdades

Enquanto os pais discutem, eternamente, se acham bem ou mal que a RTP2 tenha passado ontem (20:30) um vídeo (didáctico) que ensina aos seus filhos como se faz o “truca-truca”, estes, lá na escola, por um tão simples instinto natural, já devem ter posto a mão por baixo da saia da menina ou dentro da calça do menino. Curiosidade e inocência. E é também tão natural que os filhos achem bem mais interessante os bonecos que estejam a passar no canal Panda do que ficar a saber que uma vagina possa ficar “molhada” ou um pénis possa ficar “duro”, tal como os pais o inverso, certo? Humm. A não ser que este filmezito tenha, afinal, outro público-alvo...
Depois de visualizá-lo, se as crianças passem ou não a vulgarizar o sexo torna-se irrelevante comparado com o facto de se ter arranjado assunto para mais umas 135 crónicas do Abominável Homem (César) das Neves. E se fossem fazer mais filhinhos, mazé?